Conspiração Americana se passa em 1865, durante o julgamento dos assassinos do presidente Abraham Lincoln, mas o filme obviamente está tratando do Ato Patriota e da política do medo dos EUA nos anos 2000, quando os direitos civis e a própria Constituição foram colocados de lado em nome da defesa nacional.

Na trama, James McAvoy faz Frederick Aiken, herói da Guerra da Secessão que, formado em Direito, não pretende seguir carreira no exército. A pedido de um senador, ele assume a contragosto um trabalho ingrato: defender diante de um tribunal militar a mãe viúva Mary Surratt (Robin Wright), dona da pensão onde hospedavam-se os homens que mataram Lincoln. Aos poucos, Aiken percebe que seu trabalho não é só defender a mulher – cuja culpa na conspiração parece evidente – mas também a Lei americana, atropelada no processo em nome da vingança dos militares contra os assassinos do presidente.

Na boca do personagem de Kevin Kline, o Secretário de Guerra Edwin Stanton, o roteiro coloca todas as falas que oficializam a ponte com a doutrina Bush: “o mundo mudou”, diz ele, e se os militares estão condenando Mary Surratt de antemão é porque o povo precisa de culpados “para servir de exemplo”, em nome da “segurança nacional”.