Em comunicado, a Amnistia Internacional refere que “desde a adoção do acordo UE-Turquia em março passado, os líderes europeus têm acumulado os requerentes de asilo nas ilhas gregas com a expectativa de enviá-los de volta para a Turquia, sob a premissa errada de que os seus direitos serão respeitados lá”.

“Mas os retornos não aconteceram da maneira esperada pelos líderes, resultando em superlotação, crescente ansiedade e esperanças esmagadas”, acrescenta a organização, salientando que esta situação “está a entrar para a história como uma mancha na nossa consciência coletiva”.

A Amnistia Internacional alerta que “agora, nessas temperaturas de congelamento, as vidas das pessoas estão em sério risco”, pelo que “temos de agir imediatamente.

A ONG insta o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, “a colocar as vidas humanas em primeiro lugar” e a empenhar todos os seus esforços para que os governos da UE transfiram refugiados das ilhas gregas para outros países europeus.

Situação é totalmente desumana

Em declarações à estação de televisão americana CNN, Phillipa Kempson partilhou imagens do campo de Moria, onde é voluntária: “Estou espantada por ainda ninguém ter morrido”, assinalou, referindo que já se registaram alguns casos de hipotermia.

“Os requerentes de asilo enfrentam campos com mais pessoas do que a sua capacidade, temperaturas geladas, falta de água quente, violência e ataques de ódio”, alertou, por sua vez, Iverna McGowan, diretora do gabinete para as instituições europeias da Amnistia Internacional.

“Ao mesmo tempo que temos pedido uma melhoria das condições na receção, também dizemos que obrigar os refugiados a ficar nas ilhas só para que possam ser devolvidos à Turquia, nos termos da interpretação do acordo [Turquia-UE], é desumano”, acrescentou.

Ella Carlquist, da organização humanitária United Rescue Aid, considera que a situação “é totalmente desumana”: “O que temos aqui já não é uma situação de refugiados. São milhares de sem-abrigo sem futuro”.

Na sua conta de twitter, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) tece críticas à Comissão Europeia e ao Governo grego: “Estas famílias estão a pagar o preço do cinismo europeu e do seu acordo com a Turquia”, critica a MSF, exortando o executivo de Alexis Tsipras a garantir “condições de vida dignas” para os refugiados.

Dois dias antes de começar a nevar, quando já era prevista a descida abrupta da temperatura, o ministro grego das Migrações, Yannis Mouzalas, assegurou que nenhum refugiado passaria frio.

Ver mais .