A partir do primeiro ano de vida, as crianças de bairros pobres serão separadas dos pais durante 25 horas por semana para adquirirem “valores dinamarqueses”. Esta é só uma de um conjunto de leis específicas para os guetos da Dinamarca.

 

Aulas de “valores dinamarqueses” obrigatórias para filhos de imigrantes

 

Os pais de crianças nascidas em bairros dinamarqueses com baixos níveis de rendimentos serão obrigados, a partir do momento em que os filhos tenham um ano de idade, a entregá-las a instituições do Estado pelo menos durante 25 horas semanais. O objetivo, diz a nova legislação, é incutir “valores dinamarqueses” nas crianças. Entre estas inclui-se a celebração do festividades cristãs, como o Natal e Páscoa, bem como a aprendizagem da língua dinamarquesa.

Esta lei é obrigatória para os pais dos bairros considerados “guetos” e opcional para as restantes famílias. Nos casos em que é obrigatório, a recusa de entrega da criança implicará o congelamento de quaisquer subsídios que os pais recebam.

 

Crianças passarão o mínimo de 25 horas por semana a aprender dinamarquês e tradições cristãs, como o Natal ou Páscoa.

 

Para o governo dinamarquês, um bairro torna-se num gueto se cumprir dois de três critérios: se metade dos residentes forem imigrantes de países não ocidentais, se 40% dos moradores estiverem desempregados e se 2,7% tiverem cadastro. Até ao momento, são 25 os bairros que correspondem a este perfil.

Esta é apenas uma de várias novas leis implementadas pelo governo da Dinamarca que têm como alvo direto 25 bairros de baixos rendimentos e com maioria de população muçulmana. O pacote de leis é conhecido pelo nome “Uma Dinamarca sem Sociedades Paralelas: zero guetos em 2030”. O argumento do governo é de que, se as famílias não estiverem dispostas a aderir ao que se entende como cultura nacional, deverão ser forçadas a tal.

 

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O governo apresentou no Parlamento 22 propostas de lei no passado mês de março: a maioria foi aprovada e outras serão discutidas nos próximos meses. Entre as propostas não aprovadas por serem consideradas demasiado radicais está a proposta apresentada pelo partido de extrema direita Partido dos Dinamarqueses, que pretendia obrigar os menores de idade residentes nestes 25 países a ficarem dentro de casa a partir das 20 horas.

As “sociedades paralelas” são na verdade comunidades migrantes, na sua maioria muçulmanos, com baixa instrução formal que vivem em bairros de baixos rendimentos e com níveis de violência acima da média do país.

As críticas a este pacote legislativo chamam a atenção para o foco excessivo dado à religião e origem das pessoas a que se destina, representando a comunidade muçulmana de uma forma negativa e tentando assimilar à força os imigrantes que chegam ao país.

 

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Para além desta medida, fala-se da redução de apoios sociais a residentes nestes bairros e inclusive na aplicação de penas a dobrar por crimes cometidos por moradores destes 25 bairros.

Também a estadia prolongada de crianças no país de origem dos país – naquilo que está a ser descrito como “viagens de reeducação” – podem dar origem a punição legal, considerando o governo que estas podem prejudicar o “ensino, língua e bem estar” da criança.

“Os guetos têm de desaparecer. Iremos controlar quem se mudar para eles. Nas áreas mais afetadas, iremos punir duplamente a criminalidade”, disse o primeiro ministro Lars Lokke Rasmussen.

Dois meses depois das afirmações de Rasmussen, foi a vez da ministra da Imigração, Inger Stojberg, afirmar, que é “um perigo” ter pessoas muçulmanas a trabalhar no período de jejum do Ramadão. A ministra chegou inclusive a dizer que os cidadãos que cumprissem o Ramadão deveriam ficar em casa “para evitar consequências negativas para o resto da sociedade dinamarquesa”.

Fonte: esquerda.net