Depoimentos que constam de um processo contra o governo federal denunciam tratamentos desumanos no centro de detenção de Shenandoah Valley. Autoridades confiscam brinquedos a crianças imigrantes na fronteira. Fotógrafo captou imagens dos objetos e fez um ensaio intitulado “El Sueño Americano – The American Dream”.
                                                                              Foto de Gage Skidmore, Flickr.

 

Do processo legal, apresentado pela organização sem fins lucrativos Washington Lawyers’ Committee for Civil Rights and Urban Affairs, constam relatos de adolescentes latinos, alguns com 14 anos, alojados num centro de detenção juvenil na Virgínia, que afirmam ter sido alvo de epítetos racistas, de terem sido espancados enquanto algemados, despidos e trancados por longos períodos em confinamento solitário. Os depoimentos descrevem ainda como os guardas os amarraram a cadeiras com sacos colocados sobre as suas cabeças.

A par dos relatos em primeira mão dos adolescentes, uma especialista em desenvolvimento infantil que trabalhou dentro da instalação relatou à Associated Press (AP) (link is external) que viu adolescentes com contusões e ossos partidos que acusavam os guardas pelas agressões. A especialista adiantou ainda que muitos dos adolescentes desenvolveram sérios problemas psicológicos depois de sofrerem abusos por parte dos guardas.

O processo relata que alguns jovens imigrantes mantidos em Shenandoah se auto mutilaram e se auto agrediram mediante a ingestão de champô e a tentativa de sufocamento.

A maioria das crianças mantidas nas instalações de Shenandoah, que foram o foco do processo de abuso, foram apanhadas a cruzar a fronteira sozinhas. Em média, 92 crianças imigrantes passam, a cada ano, por Shenandoah, a maioria delas oriundas do México e da América Central.

A AP escreve que a comissão do governo local que gere o centro recebeu quase 4,2 milhões de dólares em fundos federais no ano passado para abrigar os adolescentes imigrantes.

Autoridades confiscam brinquedos a crianças

Segundo o jornal americano online Huffington Post (link is external), entre 2003 e 2014, o fotógrafo Tom Kiefer, que trabalhou como porteiro na Alfândega e Proteção de Fronteiras, junto à fronteira do México com os EUA, fotografou os pertences retirados aos imigrantes.

Entre chocolates, bolachas, latas de comida, tubos de pasta de dentes, sabonetes, garrafas de água, escovas de cabelo, carteiras, terços, Bíblias, encontram-se também os brinquedos retirados às crianças imigrantes.

Tom Kiefer compilou as imagens e fez um ensaio fotográfico intitulado “El Sueño Americano – The American Dream” e que foi publicado no seu site  (link is external)e no Instagram (link is external).

“É uma brutalidade. É desumano. É algo que se lê nos livros de História. A primeira coisa que vem à memória é a Alemanha [Holocausto]. É simplesmente bárbaro”, afirmou o fotógrafo ao jornal online.

Trump exibe famílias em “separação permanente” por alegados crimes de imigrantes ilegais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteve esta sexta-feira numa iniciativa com famílias que foram “permanentemente separadas” por causa de alegados crimes de imigrantes ilegais.

Trump acusou os media de ignorarem estas famílias: ”Isso ouvimos em todo o outro lado, mas nunca ouvimos esse lado. Ninguém sabe o que está a acontecer”, frisou.

“Estas são as histórias que os democratas e as pessoas que são a favor da imigração não querem discutir. Não querem ouvir, não querem ver, não querem falar sobre isto”, acrescentou o presidente norte-americano.

“Estes são os cidadãos americanos permanentemente separados dos seus entes queridos. Não estão separados por um dia ou dois; estão permanentemente separados porque foram mortos por imigrantes ilegais criminosos”, rematou.

 

Fonte: esquerda.net