Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II de Lisboa cancelou a sua participação num festival em Jerusalém, a ocorrer em junho, aderindo ao boicote cultural a Israel.

 

Fotografia de CSS Teatro stabile di innovazione del Friuli Venezia Giulia/Facebook.
                               Fotografia de CSS Teatro stabile di innovazione del Friuli Venezia Giulia/Facebook.

 

Num comunicado divulgado no Facebook, Tiago Rodrigues explica que, embora se oponha “de forma veemente à opressão do povo palestiniano pelo governo israelita”, tinha aceitado o convite para apresentar a peça “By Heart”, em junho, no Israel Festival, em Jerusalém, “promovido por uma organização sem fins lucrativos que se apresenta como um projeto artístico que promove uma sociedade plural e pacífica”.

Contudo, entretanto, e “através das comunicações oficiais do festival”, apercebeu-se de que a edição deste ano “‘marca o 70º aniversário da independência do Estado de Israel’”.

 

 

“A menção desta celebração por parte do festival não é acompanhada de uma única palavra de crítica à conduta do Estado de Israel face ao povo palestiniano durante os últimos 70 anos. Este é um anúncio de grande significado político sobre o qual não fui informado quando fui convidado a participar no festival. Não aceito que o meu trabalho artístico seja usado com motivos políticos sem o meu acordo”, explica.

“Decidi não apresentar o meu espetáculo no Israel Festival em Junho porque acredito que é a única forma de garantir que o meu trabalho artístico não servirá para justificar ou apoiar um governo que comete deliberadas violações dos direitos humanos e está atualmente a atacar violentamente o povo palestiniano. Compreendo que vários profissionais, tanto em Portugal como em Israel, já dedicaram bastante trabalho às apresentações previstas. Compreendo que, como diretor artístico de um teatro nacional português, a minha decisão poderá originar desconforto no plano diplomático. Foi uma decisão ponderada e devo, acima de tudo, obedecer à minha consciência. Aconselhei-me com amigos e colegas em quem confio. Li declarações de muitos intelectuais e artistas, nomeadamente israelitas. Também testemunho a terrível e violenta conduta do governo israelita neste momento. Compreendo agora que é imperativo tomar uma posição clara. Assim, decidi não apenas cancelar a minha presença no Israel Festival mas também aderir ao movimento de boicote cultural a Israel, na convicção de que a pressão global e colectiva poderá produzir resultados semelhantes aos do boicote à África do Sul durante o apartheid.”, finaliza.

Fonte: esquerda.net