O Parlamento israelita aprovou esta quinta-feira uma lei que define Israel como “o Estado judaico” e que despromove o árabe enquanto língua oficial, remetendo-a para o estatuto de língua especial. Reconhece ainda Jerusalém como capital e considera que, em casos sem precedentes na lei civil, deve ser a lei judaica a ser usada em tribunal.
                                                                         Fotografia: Twitter.com/netanyahu

 

 

O sionismo continua a impôr-se naquela religião do Médio Oriente, onde não-judeus são cada vez mais relegados para segundo plano. Para além da limpeza étnica que passa pela expulsão de árabes do seu território e da limpeza religiosa que passa pelo desprezo social e legal em relação a muçulmanos, agora a própria língua árabe foi despromovido. Esta lei, da iniciativa do partido de Netanyahu, primeiro-ministro israelita, reduz, assim os direitos de quem não é judeu.

 

 

A proposta inicial ia ainda mais longe, propunha que pudessem ser criadas comunidades fechadas de apenas uma nacionalidade, religião ou etnia, ou seja, era proposta uma inexorável segregação racial. Contudo, Reuven Rivlin, Presidente da República israelita, pediu para a cláusula ser retirada. Poderia presumir-se que até para Rivlin a proposta era demais, mas o Presidente argumentou que esta última parte poderia “prejudicar o povo judaico, os judeus pelo mundo e o Estado de Israel”.

Na semana passada, Netanyahu voltou a defender esta proposta, dizendo que aprová-la constituiria um “momento marcante” na história do país. “Continuaremos a assegurar os direitos civis na democracia de Israel, mas a maioria também tem direitos e a maioria decide”, rematou, despreocupado com os direitos daqueles que vê como minorias.

No Parlamento israelita, 62 deputados votaram a favor desta proposta, 55 votaram contra. A comunidade árabe criticou-a acerrimamente e uma organização não-governamental afirmou que esta é uma tentativa de obter “superioridade étnica ao promover medidas racistas”. A aprovação desta proposta, considerou Ahmed Tibi, deputado árabe, seria “a morte da democracia”.