Um antigo supermercado Wallmart funciona agora como centro de detenção de crianças migrantes. O centro, localizado no Texas, alberga 1 469 rapazes migrantes com idades entre os 10 e os 17 anos. Os quartos, num total de 313, não têm portas e o aumento do número de crianças obrigou à improvisação de uma cama extra em quartos que originalmente acolhiam quatro camas. Ao longo dos corredores é possível encontrar murais de antigos presidentes dos Estados Unidos da América. O mais recente é o de Donald Trump, acompanhado por uma inscrição em inglês e espanhol que diz “Por vezes, ao perder uma batalha descobrimos uma nova forma de vencer a guerra”.
A controvérsia em torno da detenção de crianças que tentam entrar nos Estados Unidos da América aumentou com as declarações do Senador Jeff Sessions e o anuncio de uma política de fronteiras com “tolerância zero”, na qual se defende a retiradas de crianças e a condenação judicial dos pais que tentam atravessar a fronteira de forma ilegal.
No abrigo Casa Padre, no Texas, é possível observar o aumento no número de crianças: inicialmente eram 1 186 e recentemente tiveram de aumentar a capacidade para 1 497. Só no último mês, acolheram mais 300 crianças. A maioria das crianças neste centro é da América Central e do México. São crianças e famílias que emigram para fugir à pobreza, violência de gangues e de países com algumas das maiores taxas de homicídios em todo o mundo.
“O nosso objetivo é reunir estas crianças com as suas famílias o mais depressa possível”, disse Juan Sanchez, fundador e presidente deste programa de albergues, ao mesmo tempo que se recusou a comentar a política de tolerância zero. Sanchez diz que mais de 70% das crianças detidas em abrigos foram encontradas a atravessar a fronteira sozinhas. Porém, admite ao mesmo tempo que o número de crianças migrantes separadas dos pais na fronteira está a aumentar.
A vice presidente deste programa, Alexia Rodriguez, afirma que “está a ser preparado” um programa para reunir estas crianças com as suas famílias, não divulgando porém mais informações sobre o assunto. Os rapazes da Casa Padre ficam em média 49 dias neste albergue até serem entregues a um cuidador (geralmente um familiar já a viver no país), reunidos com os seus pais ou deportados. Em todo o país, a média é de 56 dias e tem vindo a aumentar.
Ainda não é claro qual o impacto desta nova política de tolerância zero no aumento do número de crianças nos albergues. Só no período entre outubro de 2017 e maio de 2018, foram detidos 32 372 menores a tentar atravessar sozinhos a fronteira dos Estados Unidos da América.
Fonte: esquerda.net