No acordo, assinado em março, a Turquia aceitou impedir a passagem de refugiados pelo seu território, uma das rotas de entrada na Europa, em troca de apoios financeiros e de avanços nas negociações políticas de adesão à UE.

"Como consequência direta deste acordo, mais de 8.000 pessoas, entre elas centenas de menores não acompanhados, ficaram retidas nas ilhas gregas, onde vivem em condições extremas, em campos superpovoados, às vezes durante meses", denuncia a organização.

O secretário-geral dos MSF, Jerome Oberreitt disse  que "isto é pôr em causa o próprio conceito de refugiado".

"Os MSF denuncia há meses a vergonhosa resposta europeia, centrada em dissuadir estas pessoas, ao invés de proporcionar a assistência e proteção que necessitam", acrescentou.

Neste sentido, a organização decidiu que vai deixar de aceitar financiamento da União Europeia ou de qualquer um dos Estados-membros.

Os MSF, que estão presentes em zonas de catástrofe em todo o mundo, referem que vão perder 56 milhões de euros de financiamento – 37 milhões dos países e 19 das instituições europeias.

Na rede social Twitter, a Médicos Sem Fronteiras reafirma que não pode aceitar apoio financeiro europeu "ao mesmo tempo que trata as vítimas das suas políticas".

Os MSF rejeitam assim "a instrumentalização da ajuda humanitária", sublinhando que não podem aceitar dinheiro desses governos e dizem que "até que surjam medidas orientadas para as pessoas e focadas nas suas necessidades reais" não vão aceitar apoio da União Europeia.

A organização garante, no entanto, que nenhum dos seus pacientes será afetado por esta decisão. "Vamos usar fundos de emergência para manter os nossos projetos a funcionar".

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