Palestinos sob detenção administrativa — isto é, sem julgamento formal ou sequer acusação, deferida arbitrariamente pelo judiciário israelense — continuam a boicotar as cortes militares da ocupação, após 147 dias consecutivos de protestos.
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Protesto palestino pela libertação de parentes e amigos encarcerados nas cadeias de Israel, em frente ao prédio da Cruz Vermelha Internacional em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, 10 de maio de 2022 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

 

Mais de 450 prisioneiros palestinos participam do boicote, como forma de denunciar a prática ilegal adotada pelo apartheid israelense para encarcerar indefinidamente cidadãos palestinos.

“Autoridades israelenses não responderam às ações dos presos até então”, reafirmou Ayah Shreiteh, porta-voz do Clube dos Prisioneiros Palestinos, à rede New Arab. “A liderança dos presos nos comunicou uma série de ações para conduzir coletivamente uma greve de fome, como alternativa às medidas vigentes”.

Israel emitiu mais de 1.500 mandados de detenção administrativa somente em 2021, segundo relatório anual de associações relevantes de direitos humanos. O ano anterior registrou pouco mais de 1.100 mandados do tipo promulgados pela ocupação.

A política de detenção administrativa permite à ocupação sionista deter cidadãos palestinos por até seis meses sem julgá-los ou indiciá-los; o cárcere pode então ser renovado indefinidamente.

“Desde que teve início o boicote ao judiciário, os advogados deixaram de comparecer às audiências em nome dos detentos”, destacou Sahar Francis, diretora da ong Addameer.

“Isso confirma que juízes militares se reúnem com agentes do serviço secreto e decidem sozinhos sobre a detenção, sem conduzirem o devido processo”, acrescentou.

Segundo a Anistia Internacional, a ocupação israelense adota a detenção administrativa para aprisionar cidadãos inocentes há décadas, especialmente presos políticos, cujo único crime é exercer seus direitos à liberdade de expressão, assembleia e associação.

Monitor do Oriente