Começo do dia em Jerusalém: uma imagem que envergonha a humanidade

 

As forças israelitas de ocupação iniciaram na segunda-feira, 22 de Julho, uma nova fase de destruição de casas de habitação palestinianas em Jerusalém Leste e de expulsão dos respectivos moradores. A anexação avança, a limpeza étnica continua. Desconhece-se qualquer tomada de posição efectiva da ONU e do respectivo secretário-geral contra esta violação do direito internacional, num quadro de constante desrespeito pelos direitos reconhecidos dos palestinianos.

A demolição das casas de habitação atinge o bairro de Wadi Hummus, na parte ocupada de Jerusalém; os tribunais israelitas terão deferido a autorização de destruição dos edifícios por alegadamente se situarem nas imediações do “muro de separação” – outra violação de normas internacionais básicas uma vez que a construção segregacionista avança por zonas no interior da Cisjordânia, concretizando a gradual anexação.

Dezenas de pessoas, entre elas os moradores expulsos, cidadãos israelitas com eles solidários e membros de organizações internacionais, juntaram-se no local para protestar contra os acontecimentos. As autoridades de ocupação mobilizaram quase mil membros das forças repressivas, entre polícias e soldados.

A demolição foi concretizada através de buldozzers e de explosivos colocados pelas forças armadas no interior dos edifícios de oito andares. Mais algumas centenas de palestinianos vêem-se assim privados das suas habitações.

Há pouco mais de uma semana, as Nações Unidas e a União Europeia tinham-se pronunciado contra a possibilidade de as residências virem a ser demolidas, mas evitaram agora assumir posição mais dura perante a consumação do crime – uma violação flagrante dos direitos humanos.

As autoridades israelitas ignoram pura e simplesmente os protestos contra estas acções, traduzidas apenas em posições verbais, sem quaisquer riscos de sanções.

A destruição de residências e de comunidades habitacionais de palestinianos tem sido um dos principais pilares da limpeza étnica em que assenta, há mais de 50 anos, a criação e desenvolvimento do Estado de Israel.

Comentadores israelitas admitem que as autoridades do país tenham avançado para nova fase de demolições e expulsões depois da reunião do Bahrein sobre “o acordo do século” elaborado por Trump e Netanyahu e na qual se fizeram representar numerosos governos árabes, contrariando a posição assumida pela direcção palestiniana e contribuindo assim para a sua fragilização.

Sara A. Oliveira, Jerusalém

O Lado Oculto