Polícia militar brasileira reprime protesto pacífico de povos indígenas. É a segunda vez que reprimem os indígenas que protestaram há uma semana contra a lei que anula a demarcação de suas terras em benefício da abertura de territórios para a mineração. A Polícia Militar do Brasil reprimiu um protesto pacífico de povos indígenas agrupados no “Levante pela Terra” em frente ao congresso nacional em Brasília. A organização que reúne mais de 800 indígenas de 45 povos protestava pacificamente contra um projeto que visa anular a demarcação de terras indígenas para viabilizar a abertura de territórios protegidos para mineração.
Em meio a um forte esquema policial, lideranças indígenas do acampamento Levante pela Terra em Brasília se reúnem nesta quarta-feira (23) nos arredores da Câmara dos Deputados para acompanhar mais um dia de votação do Projeto de Lei (PL) 490.
Em meio a um forte esquema policial, lideranças indígenas do acampamento Levante pela Terra em Brasília se reúnem nesta quarta-feira (23) nos arredores da Câmara dos Deputados para acompanhar mais um dia de votação do Projeto de Lei (PL) 490.
É o segundo dia consecutivo em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara tenta votar a matéria. Nesta terça-feira (22), a sessão foi cancelada após a Polícia Militar (PM) reprimir violentamente um protesto pacífico de indígenas contrário à proposta da bancada ruralista.
A ação, classificada como “covardia” por lideranças partidárias e do movimento indígena, terminou em dois manifestantes com ferimentos graves e outros 10 com ferimentos leves. Um policial ficou ferido na perna.
Para a votação desta quarta-feira (23), a PM ocupou o entorno do Congresso e interditou o trânsito de veículos na avenida que dá acesso aos anexos II e IV da Câmara. Viaturas dos batalhões de operações especiais do Distrito Federal (DF) fazem uma ronda ostensiva, tornando o clima tenso.
Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a repressão não alterou o ânimo da luta contra o PL, que inviabiliza a demarcação de terras indígenas e promove a abertura dos territórios ao agronegócio, à mineração e à construção de hidrelétricas.
“Sabemos que os ataques não irão parar e que não temos o privilégio de parar de lutar. Seguiremos na capital federal balançando nossos maracás para que o mundo inteiro saiba da importância das nossas vidas até o último indígena”, afirmou um comunicado assinado pela Apib.
Movimento Levante pela Terra
O movimento Levante pela Terra, organizado desde o dia 8 de junho na capital federal, já reúne mais de 850 lideranças indígenas representando mais de 40 povos do Brasil. A força da mobilização em Brasília também se reflete na organização de diversos atos na maioria dos estados brasileiros. A luta é, nesta quarta-feira especialmente, contra Projeto de Lei 490/2007, que volta à pauta na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, como a única pauta prevista para a reunião. Além dessa pauta, os povos indígenas seguem acompanhando o processo de repercussão geral a ser julgado pelo STF no próximo dia 30.
No entanto, ontem, dia 22 de junho, os indígenas foram atacados em Brasília por parte da polícia, sendo recebidos com bombas de gás e efeito moral, a partir de uma barricada montada pelo Batalhão de Choque na entrada do Anexo 2 da Câmara. Pelo menos três pessoas ficaram feridas e outras dez passando mal, em razão do gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha que foram lançadas contra os povos que faziam a sua manifestação de forma pacífica.
Hoje pela manhã, em transmissão ao vivo realizada pela Mídia Nativa ON, os indígenas denunciam a colocação de um atiradores de elite e todo aparato montado para atacar os indígenas que seguem a sua mobilização, acompanhando o andamento das tramitações na CCJC. A denúncia é realizada no tempo: 1hora, 29min, 30seg.
Em transmissão ao vivo, Kretã Kaingang, que faz parte da coordenação executiva da Apib, também denunciou o esquema montado pela polícia para culpar os indígenas dos ataques de ontem. “Quiseram jogar a responsabilidade para nós para aprovar os projetos deles”, enfatizou.
Ainda ontem, Dinamam Tuxá, Liderança da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), falou sobre o contexto da mobilização. “Tivemos o ataque contra as crianças e indígenas desmaiaram. Um parente estava convulsionando por conta das bombas, com princípio de infarto e mesmo assim, a polícia não deixava que os paramédicos fizessem o atendimento adequado”, apontou.
As mais de 850 lideranças seguem mobilizadas em Brasília, atentas a toda estrutura que está sendo montada para que a bancada ruralista e o agronegócio possam aprovar seus projetos. O povo segue em luta, em uma pauta que diz respeito a toda sociedade brasileira.
Murilo Pajolla e Paulo Motoryn