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O presidente americano, Joe Biden, pronunciou-se mais cedo sobre o ocorrido no fim de semana, dizendo que manifestações pacíficas são compreensíveis, mas que não há “absolutamente nenhuma justificativa” para violências.

Após os protestos da noite de domingo, o prefeito de Mineápolis, Jacob Frey, decretou toque de recolher, que entrou em vigor às 19h desta segunda-feira (12/04) também na vizinha Saint Paul e nos três condados da região metropolitana, incluindo Hennepin, onde ocorreu o incidente.

Morte “acidental” 

Wright, 20 anos, foi morto a tiros por “acidente” enquanto dirigia no domingo pelo Brooklyn Center, um subúrbio de Mineápolis, segundo a polícia. Os agentes haviam ordenado que o motorista do veículo parasse por uma infração de trânsito. Quando descobriram que ele tinha um mandado de prisão pendente, tentaram prendê-lo.

O jovem desobedeceu a ordem de deixar o carro e seguiu no automóvel. A policial Kim Potter gritou “taser” (pistola elétrica de imobilização) e atirou. A policial acusada tem carreira de 26 anos e foi suspensa.

O comandante da polícia local, Tim Gannon, disse que o caso foi “acidental” e que a policial envolvida não queria atirar, mas confundiu sua arma de fogo com a taser. “Foi um tiro acidental que resultou na trágica morte” de Wright.

Ao toque de recolher se soma a mobilização de mil soldados da Guarda Nacional, para evitar novos tumultos. Ignorando a ordem da prefeitura, dezenas de manifestantes continuaram agitando cartazes e cantando palavras de ordem sob a chuva, em frente à delegacia de Brooklyn Center City.

“Não consigo respirar”    

Essa nova morte de um cidadão negro pelas mãos da polícia reacendeu o trauma de uma cidade que sofreu várias noites de incidentes após a morte de George Floyd, em 25 de maio de 2020. Na noite de domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar uma multidão que se reunia em frente à delegacia do Brooklyn Center.

Após os incidentes, a defesa do ex-agente acusado pela morte de Floyd, Derek Chauvin, pediu ao juiz que conduz o processo que isolasse o júri, preocupado que as manifestações pudessem influenciar sua decisão. Mas tanto a promotoria quanto o juiz se recusaram a fazê-lo. “Vamos isolá-los na segunda-feira, quando antecipamos as alegações finais”, informou o magistrado.

Chauvin enfrenta acusações de homicídio culposo e doloso em segundo grau por seu papel na morte de Floyd, após imobilizá-lo colocando o joelho sob seu pescoço quando ele havia sido preso por supostamente ter feito um pagamento com uma nota falsa

Vários vídeos mostram Chauvin pressionando o pescoço de Floyd por mais de nove minutos enquanto ele repetidamente lhe diz que não consegue respirar. As imagens desencadearam uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial nos Estados Unidos e no mundo.

A promotoria busca provar que a morte de Floyd foi causada por asfixia por parte da ação de Chauvin durante a prisão, e, para isso, convocou vários médicos a depor. Já a defesa argumenta que o óbito está relacionado ao fentanil encontrado em seu sangue, que se soma a fatores de saúde.

O cardiologista Jonathan Rich testemunhou que a morte ocorreu devido aos baixos níveis de oxigênio induzidos pela “asfixia posicional” a que foi submetido. “Não vejo nenhuma evidência de que uma overdose de fentanil tenha causado a morte de Floyd”, ressaltou Rich.

A poderosa organização de direitos civis ACLU afirmou que a morte de Wright foi uma das 260 causadas pela polícia até agora em 2021. “O que precisa acontecer para que a polícia pare de matar pessoas de cor?”, perguntou em um comunicado Ben Crup, o advogado da família Floyd, que também representará os parentes de Wright.

REDAÇÃO Ópera Mundi