Nesta terça-feira (16), centenas de imigrantes haitianos entraram no Peru após romperem um cordão de militares e policiais na fronteira da cidade de Assis Brasil no Acre, que fica a 310km da capital Rio Branco. O grupo de cerca de 400 imigrantes, em maioria haitianos mas também indianos e senegaleses, estão a mais de 30 dias em abrigos cedidos pela prefeitura de Assis Brasil a espera da liberação de entrada no Peru, para viajarem até seus países de origem ou seguirem rumo aos EUA.

 

Foto: Alexandre Noronha/Amazônia Real

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A Ponte da Integração, que liga o Brasil ao Peru, foi palco de protesto dos imigrantes no último domingo (14). Eles exigiam a liberação da entrada, mas a polícia peruana bloqueava a estrada e tensionava os imigrantes com ameaça de uso da força.

A ameaça se concretizou assim que os imigrantes conseguiram entrar à força no território peruano. As cenas de repressão transmitidas pela rádio peruana Madre de Dios na tarde de terça (16) são desoladoras. Debaixo de gás lacrimogênio e balas de borracha, empurrados por escudos, e violentados fisicamente, os imigrantes se desesperam. Um homem haitiano aparece sentado no chão gritando pelo seu filho que havia ficado para trás. Gestantes estão perdendo seus bebês na calçada.

Ao invés de assistência social e médica, os imigrantes são empurrados para as mãos da polícia tanto pelo Brasil quanto pelo Peru.

Um coronel da polícia peruana disse à rádio que “Estamos estabelecendo a ordem. Vamos expulsar todos”.

O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia (PT), conta a Agência Brasil que participou de uma reunião virtual, na tarde desta terça-feira (16), junto com parlamentares da Bancada do Acre, representantes do governo estadual, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo e o embaixador do Brasil no Peru, Rodrigo Baena. Correia solicitou a volta das Forças Armadas na fronteira, que deixaram o local em novembro.

Abrigo, alimentação e assistência aos imigrantes em território brasileiro é o mínimo a ser garantido pelos poderes municipais e estaduais. Mas isso também não é suficiente. É preciso que as demandas dos imigrantes estejam colocadas no conjunto da luta dos trabalhadores e movimentos sociais, em um combate ao capitalismo imperialista que submete os povos pobres à imigração por falta de condições de sobrevivência.

A desmilitarização das fronteiras, o fechamento de todos os centros de detenção, o fim de todas as deportações, por direitos legais e democráticos plenos para todos os imigrantes, o fim de todas as intervenções imperialistas na América Latina, África, Oriente Médio ou onde quer que seja, são demandas vitais. É preciso dar fim a todas as fronteiras que separam os povos trabalhadores do mundo.

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Fotos de Alexandre Noronha/Amazônia Real retiradas do site fotospublicas.com

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