Diretores do New York Times, The Guardian, Le Monde, Der Spiegel e El País subscrevem uma carta aberta onde defendem que “publicar não é um delito” e que os EUA devem deixar cair as queixas contra o fundador da Wikileaks.
.
.
  Foto Antonio Marín Segovia/Flickr

 

 

Ao fim de três anos e meio, Julian Assange continua preso no Reino Unido à espera de ser extraditado para os Estados Unidos, onde o esperam acusações que o podem levar a passar o resto da vida numa prisão de alta segurança. Enquanto o fundador da Wikileaks tenta os últimos recursos para evitar essa extradição, os diretores dos órgãos de comunicação social que publicaram as revelações do “Cablegate” há 12 anos surgem em sua defesa num artigo conjunto publicado esta segunda-feira.

“Chegou o momento de o Governo dos Estados Unidos pôr fim à sua perseguição a Julian Assange por publicar segredos”, dizem os diretores do New York Times, The Guardian, Le Monde, Der Spiegel e El País.

 

                                                    Cerco ao Parlamento britânico exigiu liberdade para Assange

 

“Obter e revelar informação delicada é uma parte fundamental do trabalho diário dos jornalistas. Se este trabalho se criminaliza, o nosso discurso público e as nossas democracias enfraquecem consideravelmente”, dizem os responsáveis dos cinco jornais.

Os jornalistas lembram que a administração Obama/Biden decidiu não perseguir Assange, porque a fazê-lo teria de perseguir também os jornalistas dos principais meios de comunicação. Mas Trump mudou essa postura, ao recuperar a lei anti-espionagem de 1917, feita para levar à justiça espiões da I Guerra Mundial e que nunca foi usada para perseguir órgãos de comunicação.

Embora lembrem que eles próprios criticaram Assange publicamente em 2011, quando divulgou cópias não editadas dos documentos, “agora unimo-nos para expressar a nossa profunda preocupação pela perseguição contínua a Julian Assange por obter e publicar materiais classificados”, referem na carta aberta.

O “Cablegate” deu a conhecer 251 mil documentos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA, revelando “casos de corrupção, escândalos diplomáticos e enredos de espionagem à escala internacional”. E “mesmo agora, em 2022, jornalistas e historiadores continuam a publicar novas revelações a partir desse fundo documental único”, sublinham os jornalistas.

(…)