Numa das zonas mais densamente povoadas do mundo, contam-se já nove casos confirmados de infeção. Gaza tem apenas 60 camas de cuidados intensivos. Israel diz que o alvo das bombas é o Hamas.
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Palestinianos desinfetam as ruas de Gaza. 27 de março de 2020. Foto de MOHAMMED SABER/EPA/LUSA.
Palestinianos desinfetam as ruas de Gaza. 27 de março de 2020. Foto de MOHAMMED SABER/EPA/LUSA.

 

A preocupação com o novo coronavírus é muita na faixa de Gaza. A alta densidade populacional e o sistema de saúde debilitado pela ocupação israelita da Palestina, fazem temer pelo pior. Mas nada disso deteve o exército israelita de bombardear este território.

Aviões e tanques israelitas bombardearam Gaza esta sexta-feira, tendo os militares israelitas justificado que os alvos foram postos do Hamas. “Infraestruturas usada para atividade clandestina”, alegaram, não especificando mais pormenores. O ataque acontece supostamente em represália contra o disparo de um rocket para a zona de Sderot que não causou vítimas ou estragos. O governo israelita culpou membros deste grupo pelo disparo mas nenhuma organização reivindicou a autoria da ação.

Este bombardeamento contrasta com a calma relativa que se tem vivido na região à medida em que as preocupações se foram voltando para o combate ao surto do covid-19. Na faixa de Gaza foram identificados já nove casos. No conjunto dos territórios palestinianos são 97, um dos quais fatal. E em Israel houve mais de três mil infeções que causaram 12 mortes.

Na faixa de Gaza, apenas existem 60 camas de cuidados intensivos e menos de 60 ventiladores. Os movimentos palestinianos anunciaram entretanto que estão canceladas as grandes concentrações que iriam marcar, a 30 de março, o segundo aniversário de “Grande Marcha do Retorno”.

A marcha do retorno tem sido uma iniciativa com protestos semanais na qual os palestinianos exigem na fronteira com Israel o regresso às terras de que foram expulsos em 1948. Ao longo deste movimento, 215 palestinianos foram mortos a tiro por soldados israelitas e cerca de oito mil ficaram feridos. A efeméride não deixará de ser assinalada, mas por razões de saúde apela-se agora à colocação de bandeiras da Palestina à janela.

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