Israel e apoiadores utilizam coligações inter-religiosas para dividir comunidades e remodelar sua percepção sobre as práticas de colonização e apartheid adotadas pela ocupação sionista contra o povo palestino, advertiu na quinta-feira (16) seminário denominado “Faithwashing: Como grupos inter-religiosos são usados para normalizar o apartheid israelense”.

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Seminário ‘Faithwashing: Como grupos inter-religiosos são usados para normalizar o apartheid israelense’, em Londres, Reino Unido, 16 de junho de 2022

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Realizada em Londres, a conferência reiterou o diálogo inter-religioso como algo positivo, mas alertou para o respeito a princípios humanistas, em oposição a eventual apoio ou colaboração com práticas coloniais perpetradas por Israel.

Grupos sionistas buscam descrever a realidade em campo como questão religiosa, ao omitir as raízes políticas da ocupação e colonização da Palestina histórica, reafirmou Batool Subeiti, que mediou o evento.

Conforme Subeiti, esse pressuposto tenta vincular a oposição legítima ao processo de limpeza étnica conduzido por Israel desde 1948 aos direitos religiosos do povo judeu, com objetivo de descrever as vítimas como agressores e vice-versa.

Daud Abdullah, diretor do Monitor do Oriente Médio (MEMO) no Reino Unido, reafirmou que esforços de “faithwashing” se concentram na “ideia de rivalidade entre judeus e muçulmanos como algo endêmico, com raízes profundas, que não podem ser apagadas … Não é verdade e contradiz fatos históricos”.

Abdullah mencionou o período de domínio islâmico na Europa como exemplo de convivência entre comunidades muçulmanas, judaicas e cristãs.

Rifat Odeh Kassis, coordenador-geral do projeto Kairos Palestina, comentou sobre o assunto a partir da perspectiva dos cristãos palestinos.

“Decerto, há necessidade de cooperação inter-religiosa para desescalar tensões, sobretudo na Palestina”, elucidou Kassis. “Contudo, há uma diferença entre diálogo e normalização. Há uma enorme diferença entre estar do lado da justiça e estar do lado da opressão”.

Kassis insistiu ainda que o diálogo inter-religioso deve aceitar a resistência palestina à ocupação ilegal como algo legítimo.

O evento foi organizado pelo Fórum Palestino na Grã-Bretanha, em cooperação com o Fórum Euro-Palestino (EuroPal).

MEMO