Uma campeã de xadrez de nacionalidade indiana abandonou uma competição internacional no Irão em protesto contra a obrigatoriedade de uso do véu – algo que considera ser um atentado aos seus direitos humanos.
Soumya Swaminathan ia participar no campeonato asiático de xadrez em representação da Índia. Porém, a atleta escolheu abandonar a competição ao saber que este deixaria de ter lugar no Bangladesh para ser organizado no Irão.
“Considero a lei iraniana sobre o uso obrigatório do hijab [véu] uma violação direta dos meus direitos humanos mais básicos, incluindo o meu direito à liberdade de expressão e liberdade de pensamento, consciência e religião”, escreveu Swaminathan na sua conta no Facebook.
“Nestas circunstâncias, a única forma de preservar os meus direitos passa por não ir ao Irão”. Embora algumas participantes estejam dispostos a cumprir com a lei iraniana, a atleta afirma que “algumas coisas simplesmente não podem ser postas em causa”
Soumya Swaminathan é a segunda participante de nacionalidade indiana a abandonar uma competição no Irão devido à obrigatoriedade do uso do véu. Heena Sidhu, atleta de tiro desportivo, abandonou há dois anos as competições asiáticas organizadas no Teerão, também argumentando contra o que considerou ser a obrigação discriminatória de uso do véu e a imposição de uma norma religiosa num evento desportivo internacional.
Em 2017, a jogadora de xadrez Dorsa Derakhshani, de nacionalidade iraniana, abandonou a representação do seu país e mudou-se para os Estados Unidos da América, passando a representar a seleção estado-unidense. Isto porque fora expulsa da equipa iraniana ao recusar-se a usar o véu durante um jogo em Gibraltar.
Este posicionamento público contra a lei iraniana, em vigor desde 1979, que obriga as mulheres a usarem o véu, surge poucos meses depois de um movimento no mesmo sentido protagonizado por mulheres iranianas. Várias foram as mulheres que retiraram publicamente o véu e registaram o momento para as redes sociais, numa manifestação contra a legislação em vigor no país. Defendem que o seu uso deve ser uma escolha individual e não uma obrigação.