No dia 3 de Janeiro, a seguir ao acto terrorista norte-americano para assassinar o general iraniano Qasem Soleimani, o índice bolsista norte-americano S&P (Standard and Poors) 500 registou perdas, com excepção das empresas de material de guerra, cujas acções subiram, em média, quase dois por cento.

 

 

O S&P 500 é o índice que reúne as prestações bolsistas das 500 principais empresas dos Estados Unidos. No dia que marcou a nova etapa da agressão militar dos Estados Unidos contra a República Islâmica do Irão houve uma área de corporações que escapou à queda média geral do valor das acções: S&P Aerospace and Defense Select Industries. A subida geral deste sector foi de 1,8%, demonstrando a sua entranhada ligação com o militarismo e o belicismo.

O grupo que mais ganhou – 6,9% – foi o Aerovironment, fabricante de drones de curto alcance utilizados por soldados, revelando a importância crescente destes engenhos em operações de guerra.

Seguiu-se em ganhos, com 5,4%, o Northtrop Grumman, o fabricante dos bombardeiros B2 e B21. De notar que logo a seguir ao assassínio do general, e na perspectiva da resposta iraniana, o Pentágono movimentou aviões deste tipo para a base de Diego Garcia.

O mesmo aconteceu com os modernos caças F-35, estes concentrados em países do Golfo em plena crise e também na perspectiva dos ataques iranianos. O seu fabricante, a Lockheed Martin, teve as acções valorizadas em 3,6%.

Ainda em matéria de lucros de guerra há a registar a subida de 1,5% das acções da Raytheon, empresa especialista em tecnologia de mísseis e de radares.

Huntington Ingalls e General Dynamics foram outras das empresas que registaram subidas notáveis.

Nos últimos seis meses o agravamento constante das tensões no Médio Oriente, provocado sobretudo pela pressão de guerra dos Estados Unidos contra o Irão, fez com que os lucros das acções das empresas do sector militar norte-americano subissem para mais do dobro.

Em 2019, as empresas fornecedoras do Pentágono gastaram cerca de 84 milhões de euros em acções de lobby no Congresso e outras áreas de decisão político-militar dos Estados Unidos. Não surpreende que, em face desta movimentação de riqueza relacionada com a guerra, os conflitos não tenham solução, se multipliquem e registem picos como o registado nestes primeiros dias de 2020.

Martha Ladesic, Nova York; Exclusivo para O Lado Oculto