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Cerca de 2.700 pessoas foram presas e centenas estão desaparecidas, de acordo com a ONG local. A organização Save the Children denunciou que o número de jovens mortos mais do que dobrou nos últimos 12 dias. “É chocante que crianças estejam entre as vítimas desses ataques, apesar dos apelos para protegê-las”, diz um comunicado da organização. “É particularmente assustador que várias delas tenham sido mortas em suas casas, onde, em princípio, deveriam estar protegidas”, acrescenta.

As autoridades realizaram inúmeras detenções durante buscas noturnas nas casas de pessoas suspeitas de apoiar as manifestações ou o movimento de desobediência civil contra o golpe.

De acordo com a ONG Human Rights Watch (HRW), a Junta causou o “desaparecimento forçado” de centenas de pessoas ao se recusar a confirmar sua localização ou permitir que os detidos tivessem acesso a seus advogados. “A Junta militar generaliza as detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados, para impor medo entre os manifestantes”, declarou o diretor da HRW para a Ásia, Brad Adams.

Diante da violência crescente, aumentam as condenações de países e organismos internacionais. O Conselho de Segurança da ONU manifestou na quinta-feira (01/04) em uma declaração unânime que “condena veementemente” a morte de centenas de civis em Mianmar. O Reino Unido, ex-potência colonial, impôs novas sanções contra os interesses financeiros da Junta, especificamente contra o conglomerado Myanmar Economic Corporation (MEC).

Mas, até o momento, nem as sanções nem as condenações afetaram a determinação da Junta militar, que continua sua repressão brutal contra os manifestantes. Nesta sexta-feira, novos protestos foram organizados em todo o país. E em Yangon, a capital econômica, as pessoas deixaram flores em pontos de ônibus e outros locais públicos em memória dos mortos.

A violência também inflamou grupos étnicos armados em Mianmar. Alguns deles lançaram ataques contra a Polícia e o Exército respondeu com bombardeios. Desde a independência de Mianmar em 1948, vários grupos étnicos travam conflitos com o poder central e o Exército chegou a um cessar-fogo com vários deles nos últimos anos. Mas, desde o golpe, alguns expressaram seu apoio ao levante popular, pegaram em armas ou ameaçaram fazê-lo.

RFI RFI