Só este ano, já se registaram 111 femicídios na Turquia e no ano passado foram 419. Mas em vez de lidar com o problema, o governo de Erdogan prefere perseguir as associações que o denunciam diz a “Plataforma Vamos acabar com os femicídios”.
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Manifestação contra o femicídio. Imagem da Plataforma Vamos acabar com os Femícidios.
       Manifestação contra o femicídio. Imagem da Plataforma Vamos acabar com os Femícidios.

 

 

A “Plataforma Vamos acabar com os femicídios” está a ser alvo de um procedimento judicial por parte da procuradoria turca. O processo foi entregue esta quarta-feira e visa encerrar a associação que é acusada de “agir contra a lei e a moralidade”.

Esta organização não governamental foi fundada há 12 anos como resposta ao assassinato de uma rapariga de 17 anos pelo seu namorado. Conta atualmente com cerca de 750 membros ativos em todo o país. É considerada como uma das associações mais conhecidas no país. Para além da recolha de dados sobre violência contra mulheres, presta apoio às sobreviventes de violência doméstica e organizou ao longo do tempo várias manifestações de massas contra a violência doméstica e o femicídio.

Segundo o Balkan Insight, esta decisão “está ser vista como uma nova tentativa de minar o movimento das mulheres no país”. Este órgão de informação cita um comunicado da organização que esclarece que o pedido de encerramento se segue a “petições” que chegaram à procuradoria turca “alegando que a nossa associação tem estado a “desintegrar a estrutura familiar ao ignorar o conceito de família sob o disfarce de defender os direitos das mulheres”, uma alegação que não está baseada em quaisquer factos concretos”.

A Plataforma lamenta que “enquanto estamos a apelar às autoridades políticas, aos procuradores e aos tribunais que cumpram o seu dever para com as mulheres, eles preferem atacar aquelas que estão a enfrentar o problema com processos judiciais sem sentido”.

A organização convocou uma manifestação de protesto contra a perseguição judicial de que está a ser alvo para o próximo sábado em Istambul.

O Guardian cita várias vozes críticas do governo turco. Gülsüm Kav, a médica e ativista dos direitos humanos que fundou o movimento diz que que o que se passa é “um ataque ao direito das mulheres à vida”, garantindo que nunca vão desistir da sua luta. A sua atual secretária geral, Fidan Ataselim, também pensa que o ataque que está a ser feito é “contra todas as mulheres da Turquia, contra todos os movimentos sociais, contra toda a opinião pública democrática”.

Outras organizações de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch também manifestam repúdio. Emma Sinclair-Webb, diretora da secção turca desta instituição, considera “grotesco” e “completamente desproporcionado” ataca um grupo como este. “As autoridades sabem perfeitamente bem que este tem sido uma campanha com muito sucesso e altamente visível”, acrescenta.

Só este ano, já se registaram 111 femicídios na Turquia. No ano passado foram 419 e em 2020 foram 413. O presidente turco Recep Erdogan retirou o país da Convenção de Istambul, a Convenção do Conselho Europeu sobre o combate à Violência contra Mulheres. A Plataforma Vamos acabar com os femicídios foi uma das associações com mais visibilidade na crítica a esta decisão.

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