As grandes empresas farmacêuticas israelitas fazem testes em prisioneiros árabes e em palestinianos dos territórios ocupados; os produtores de armamento procedem a experiências com armas e munições contra crianças palestinianas de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Leste. As denúncias foram feitas pela professora israelita Nadera Shalhoub-Kevorkian numa comunicação feita na Universidade de Columbia, em Nova York.

 

A família de Fares Baroud, privada durante 30 anos do seu convívio, pretende saber o que se passou com a sua morte na prisão, além da negligência médica (MEE/Mohammed Asad)

 

“Os espaços palestinianos funcionam como laboratórios”, revelou a professora. “A invenção de produtos e serviços das corporações estatais de segurança é impulsionada pelos longos períodos de recolher obrigatório e pela opressão dos palestinianos exercida pelo exército israelita”, salientou ainda Nadera Shalhoub-Kevorkian. Os dados foram recolhidos no âmbito de um projecto de investigação que a docente executa na Universidade Hebraica de Jerusalém.

“Eles testam que tipo de bombas usar, se é mais aconselhável usar embalagens de plástico ou de tecido, se devem espancar com as armas ou com as botas”, explicou a professora israelita na sua comunicação, intitulada “Espaços com distúrbios – Tecnologias Violentas na Jerusalém Palestiniana.

Na semana passada, as autoridades israelitas recusaram-se a entregar à família o corpo de Fares Baroud, um detido palestiniano que faleceu numa prisão israelita, claramente por negligência médica, depois de ter sofrido problemas de saúde durante longo tempo. Accionado por representantes palestinianos, um tribunal israelita ainda não respondeu ao pedido para que um médico palestiniano pudesse assistir à autópsia. Os familiares receiam que Baroud possa ter servido de cobaia para testes farmacêuticos ou de outro tipo e que o sequestro do cadáver se deva à possibilidade de os exames forenses virem a revelar esses factos.

Situações recorrentes

A utilização da situação de opressão e arbitrariedade em que vivem os palestinianos sob a ocupação israelita por fabricantes de medicamentos e de armamento tem sido alvo de denúncias recorrentes, embora nada aconteça tanto no plano nacional como internacional.

Já em Julho de 1997 o jornal israelita Yedioth Aharonot reproduzia declarações de Dalia Itzik, presidente de uma comissão parlamentar israelita, dando conta de que o ministro da Saúde tinha dado autorização a empresas farmacêuticas para testarem novos medicamentos em prisioneiros; cinco mil testes já haviam sido feitos na altura.

Em Agosto do ano passado, o secretário da cultura da central sindical belga ACOD, Robrecht Vanderbeeken, advertiu que a população da Faixa de Gaza está a ser condenada “a morrer de fome, envenenada, as crianças são sequestradas e assassinadas por causa dos órgãos”.

A denúncia seguiu-se a declarações do embaixador palestiniano nas Nações Unidas, Riyad Mansour, segundo as quais os cadáveres de palestinianos assassinados pelas forças repressivas israelitas “são entregues sem córneas e outros órgãos, confirmando-se assim anteriores relatórios sobre as colheitas de órgãos feitas pela potência ocupante”.

Martha Ladesic, Nova York; com Middle East Monitor

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