Cerimônia em memória do jornalista saudita Jamal Khashoggi, no terceiro aniversário de seu assassinato – dentro do consulado da monarquia em Istambul –, em frente ao Congresso dos Estados Unidos, na cidade de Washington, em 2 de outubro de 2021 [Yasin Öztürk/Agência Anadolu]

 

Elatr – de 52 anos – também quer processar Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU) por seu suposto envolvimento na instalação do spyware israelense Pegasus em seu telefone celular, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (22) pelo jornal The Guardian.

Detalhes sobre o ataque ao círculo íntimo de Khashoggi foram expostos por uma investigação histórica sobre o escândalo de espionagem, conforme colaboração de mais de 80 jornalistas de 17 organizações de imprensa espalhadas por dez países.

No último ano, análises forenses revelaram evidências de que o produto israelense foi adotado para vigiar pessoas próximas a Khashoggi, antes e depois de sua morte. O telefone de sua noiva foi identificado entre 50 mil números sob vigilância ilegal de compradores do aplicativo espião.

“É importante responsabilizar todos os envolvidos em tais crimes hediondos”, comentou Eladr ao The Guardian. “Meu marido era um homem pacífico. Da minha parte, acredito na justiça dos Estados Unidos”.

Elatr confirmou que recorrerá aos tribunais americanos para obter informações plenas sobre quem conduziu eventual espionagem contra os aparelhos do casal e de pessoas próximas, antes de seu assassinato.

Uma vez hackeado pelo spyware Pegasus, os celulares e computadores alvejados se convertem em um aparelho de vigilância remota, capaz de ativar câmeras e microfones sem conhecimento do usuário, além de ler mensagens, coletar contatos, rastrear movimento e ouvir chamadas.

Hanan Elatr falou previamente sobre a invasão a seu telefone pessoal: “Jamal me alertou sobre a possibilidade. Isso me faz crer, contudo, que eles tinham ciência de tudo que se passava com Jamal através de mim”.

Elatr observou preocupação de que outros dissidentes pudessem ser monitorados da mesma maneira. “Sempre que Jamal conversava com um de seus conterrâneos [em sua casa na Virgínia], duas vezes por semana, deixávamos os celulares em uma outra sala”.

Desde julho passado, Israel vive pressão para revogar toda a venda de produtos de espionagem cibernética a outros países, após jornalistas internacionais revelarem que o aplicativo Pegasus invadiu a privacidade de repórteres, diplomatas, chefes de governo e ativistas de todo o mundo.

O Grupo NSO enfrenta uma série de processos legais, além de uma crise de relações públicas. Gigantes da tecnologia – com destaque para a corporação Apple – acusam a empresa israelense de representar risco a seus consumidores.

MEMO