O grupo Mashrou’ Leila denunciou a “tirania” das autoridades egípcias e a “caça às bruxas” que prendeu 22 pessoas que ergueram a bandeira arco-íris da comunidade LGBT num concerto no Cairo. As pessoas foram identificadas através de imagens que se tornaram virais, de pessoas a erguerem a bandeira LGBT num concerto do grupo no Cairo. 
Imagens virais do concerto dos Mashrou' Leila no Cairo, com a bandeira LGBT.
Imagens virais do concerto dos Mashrou’ Leila no Cairo, com a bandeira LGBT.

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As imagens foram consideradas “obscenas” por parte de muitos dirigentes religiosos e políticos, o que motivou a abertura de uma investigação da magistratura, resultando na prisão de pelo menos 22 pessoas. O caso provocou enorme polémica nos jornais e nas redes sociais do Egito, onde os homossexuais são presos com frequência por “incitação ao vício” ou por “desprezo da religião”, embora a homossexualidade não seja proibida oficialmente.

“Parte-me o coração ver que o trabalho do grupo foi usado como um pretexto para uma nova onda de repressão por parte do governo egípcio”, declarou o líder dos Mashrou’ Leila, o cantor libanês Hamed Sinno, que assume publicamente a sua homossexualidade.

O grupo fez um apelo por “um movimento de solidariedade internacional para pressionar o governo egípcio a fim de cessar imediatamente a caça às bruxas e libertar os presos”.

“O governo está a prender rapazes e a violar o seu corpo”, afirmou o grupo, referindo-se a informações de pessoas detidas que foram sujeitas a “exames anais” para “provar a sua homossexualidade”.

Acusadas de “indecência pública” e de “incitar os jovens à imoralidade”, essas pessoas apresentaram-se à Justiça no domingo para um julgamento a porta fechada.

A banda foi entretanto proibida pelo Sindicato dos Músicos de voltar a atuar no Egito, atitude que mereceu a condenação da escritora e feminista egípcia Mona Eltahawy.

Artigo publicado em esquerda.net (05/10/2017)