Esta é a pior vaga de violência religiosa que a Índia vê nas últimas décadas. A aprovação da nova lei da nacionalidade, apresentada pelo partido do primeiro ministro Modi, deu origem a protestos da comunidade muçulmana, que considera que a nova legislação dificulta a obtenção de nacionalidade indiana por parte desta parte da população. Em retaliação, membros de grupos e associações hindus deram origem a ataques dirigidos à comunidade muçulmana do país.
Desde domingo que os confrontos entre os dois grupos fizeram com q ue muitas pessoas de religião muçulmana tivessem de abandonar as suas casas para fugir aos ataques e que vários estabelecimentos comerciais foram pilhados. A multidão hindu tem ainda queimado cópias do Corão e içado bandeiras hindus em mesquitas.
Só na passada terça-feira, uma multidão de cerca de 500 hindus invadiu uma mesquita, içou uma bandeira hindu para pouco depois incendiar todo o edifício. O grupo terá depois seguido para outras mesquitas mais pequenas e estabelecimentos comerciais de muçulmanos, destruindo e incendiando todos os locais por onde passaram.
A violência do confronto pode ser observada diretamente nos hospitais: mais de duzentas pessoas deram entrada nas urgências com ferimentos de balas, bem como queimaduras causadas por ácido, esfaqueamentos e marcas de apedrejamentos. Outras tantas morreram ao saltar de edifícios para fugir às tentativas de linchamento.
A polícia já deteve cerca de 100 pessoas envolvidas nos ataques e o ministro de Deli defende que o exército seja chamado para as ruas.
A nova lei da nacionalidade foi aprovada em dezembro. Nela, é reconhecido o direito à nacionalidade a refugiados pertencentes às principais religiões, exceto a muçulmanos. As críticas a esta legislação discriminatória foram imediatas, com argumentos de que esta abala as fundações seculares do país, uma vez que garante a cidadania com base na religião.