Foi a 11 de setembro de 2016 que Abdullah Öcalan, líder histórico da guerrilha curda preso na Turquia, viu pela última vez um familiar. Este sábado, foi autorizada a visita do seu irmão Mehmet Öcalan. O partido HDP emitiu um comunicado a dizer que o estado de saúde do líder histórico do PKK é bom.
Raptado no Quénia com a ajuda da CIA em 1999, a Turquia prendeu Abdullah Öcalan na ilha-prisão de İmrali, condenou-o a prisão perpétua por traição e manteve-o a maior parte do tempo em regime de solitária durante estes 20 anos. O regime turco negou os cerca de 800 requerimentos de visita entregues pelos seus advogados desde 2011, a última vez que Öcalan contactou com os seus representantes legais.
Dois anos depois, em 2013, Öcalan voltou a ter contacto com o mundo exterior com a participação nas negociações de paz, que culminou no seu apelo ao cessar-fogo e à deposição das armas do PKK, pondo fim ao conflito sangrento. Mas o crescimento da influência eleitoral do HDP, maioritário nas regiões com forte presença de população curda, fez o regime de Erdogan voltar a endurecer a repressão, que culminou na prisão de dezenas de dirigentes e deputados do partido e no completo isolamento de Öcalan.
Com o aproximar das eleições municipais de março na Turquia, que irão substituir em muitas localidades os administradores nomeados pelo governo na sequência da resposta repressiva à tentativa falhada de golpe de estado em 2016, a autorização da visita de um familiar significa um gesto político de Erdogan, embora o HDP tenha dito este sábado que não acredita que ele signifique o fim do regime de isolamento.
As pressões políticas e diplomáticas para rever as condições de detenção de Öcalan nunca fizeram mover o governo de Ancara, mas ressurgiram em novembro pela iniciativa da co-presidente do Congresso da Sociedade Democrática e deputada do HDP, Leyla Güven, que cumpriu este sábado o 66º dia de greve de fome na prisão. O partido afirmou que nesta fase a sua vida está a correr sério risco.